terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

(Os outros foram Pequena Miss Sunshine e Eu Sou a Lenda)

Neste final de semana, consegui bater um recorde pessoal: juntamente com a melhor companhia do mundo, assisti 4 filmes bons em 3 dias. O que, não é nada não é nada, não é nada mesmo. Mas convenhamos que pegar 3 lançamentos e um filme relativamente novo (lançado em 2006) em seguida e que não deixe dúvidas em relação à qualidade é tão difícil quanto aprender alguma coisa em um programa da MTV.

No entanto, divago. A verdade é que o que eu tenho a dizer sobre isso é o seguinte:


Juno: eu me sinto ridiculamente pretensioso em querer dizer algo de diferente depois de ser uma das últimas pessoas do mundo à assistir Juno. Mas o que eu posso dizer é muito bom assistir um filme que apresenta de uma forma tão interessante a “nova geração” (da mesma forma que é comicamente frustrante se sentir como o tiozão do filme: alguém que já consegue ver os seus horizontes, pra usar um eufemismo bem educado). E esse meu temor se comprovou na cena onde a Juno fica surpresa ao ouvir Sonic Youth - fora de série no cover dos Carpenters “Superstar”, só faltou o clipe – como sendo uma banda ‘de tio’. Eu sei que os meus prováveis leitores são amigos (como o meu falido hit counter pode comprovar, muito obrigado) que vão se compartilhar da minha negação de velhice, o que me deixa parcialmente satisfeito.


Cloverfield: Eu me lembro bem pra caramba do final dos anos 90, aquela época fantástica em que as Spice Girls eram as artistas do milênio, o rock não poderia ficar mais enlouquecido que os Matchbox 20, e Friends ainda era legal. Pode crer que eram bons tempos. Também (ou isto é prova de que) foi a época que o marketing perdeu as estribeiras.

Em 99, Martin Scorsese vinha de duas produções de caráter mais introspectivo, relembrando seus filmes preferidos e estudando a religião (no caso, a procura pela encarnação do Dalai Lama). Quando ele voltou às narrativas mais convencionais, foi com o introspectivo “Vivendo no Limite”, onde Nicolas Cage interpreta o mesmo personagem de toda sua carreira: um sujeito à margem da sociedade, praticamente um sociopata, que procura a redenção através de uma postura cínica em relação ao mundo. Só que no caso, ele é um enfermeiro. Dá pra dizer que o filme é um Tropa de Elite, com menos ação, e dentro de uma ambulância. E quando eu digo ‘menos ação’, eu digo sem ação alguma. O que aparentemente não é a mesma opinião do trailer. Mas o que tem Cloverfield a ver com isso?

Tem a ver que é mais um sinal da era em que vivemos, onde termos como buzz, marketing, viral e ARG mostram pra gente como muitas vezes o barulho é mais importante que o conteúdo. E a experiência de assistir um filme pode começar antes da sessão de cinema.

- A real é que mesmo com (ou provavelmente por causa da) campanha de marketing pesada e descolada, Cloverfield entrega um bom filme de monstro que tem ótimos momentos de tensão. Só acho uma pena ter ficado com a impressão de que o filme vai embora cinco minutos depois de acabada a sessão.

6 comentários:

Ani Cristina Bariquello disse...

Tenho uma dificuldade gigante para atribuir título às coisas, aí não sei se por descuido ou frustração, não presto atenção nos títulos dos textos das outras pessoas. Acabei a leitura e pensei: eu estava desatententa ou ele não mencionou quais foram os outros filmes?

Eis que retorno ao topo para ler novamente o texto e vejo seu título, animal.

Uhm... Para ficar registrado aqui também, acho genial a forma como você escreve, e espero poder ler mais textos seus, seja lá sobre o que for aqui.

E ah! Ainda não vi Juno.

Kenzo disse...

Valeu Velma! A impressão que eu tive foi a mesma depois de escrever o texto, daí eu inventei a traquinagem lá de cima :)

E Juno vale a pena pra caramba.

chiphead disse...

Muito bom, jovem Padawan. Muito bom.

Josie Mendes disse...

Engraçado. Final de semana, mais precisamente no sábado, encontrei "velhos amigos", inclusive você.

A conversa estava muito boa, sobre filmes, sensações, preferências, enfim, os filmes que fizeram as cabeças pensarem. Seja bom ou ruim.

Marquei de fazer a mesma coisa esta semana, mas foi tudo tão corrido que não consegui. Mas hoje, de certeza vou alugar Juno. Este nome não me é estranho, acho que já haviam comentado sobre este filme.

Seja bem vindo Kenzito! (nome para salgadinho, vou enviar agora a sugestão para a Elma Chips)

Beijitos!!

Fabio Couto disse...

Nao entendi se vc gostou ou nao de Cloverfield, mas acho que para que a sensaçao pos filme seja prolongada numa especie de açao de marketing follow up, os produtores deveriam usar o filme do Diretor Leonardo Dignart (Monstro de Blair), um filme criticado pela critica, mas que eh excelente, caso vc tenha assistido ao filme.

Kenzo disse...

Célula: concordo contigo quando tu diz que a crítica é crítica demais em suas críticas, e eu meio que evitei de propósito de falar sobre os filmes, por ter certeza que mil pessoas falaram isso de mil formas diferentes e melhores do que eu possa querer falar. Mas eu curti o filme, só não gostei da reviravolta, quando tu descobre que todo mundo morria no começo do filme.