Neste final de semana, consegui bater um recorde pessoal: juntamente com a melhor companhia do mundo, assisti 4 filmes bons em 3 dias. O que, não é nada não é nada, não é nada mesmo. Mas convenhamos que pegar 3 lançamentos e um filme relativamente novo (lançado em 2006) em seguida e que não deixe dúvidas em relação à qualidade é tão difícil quanto aprender alguma coisa em um programa da MTV.
No entanto, divago. A verdade é que o que eu tenho a dizer sobre isso é o seguinte:
Juno: eu me sinto ridiculamente pretensioso em querer dizer algo de diferente depois de ser uma das últimas pessoas do mundo à assistir Juno. Mas o que eu posso dizer é muito bom assistir um filme que apresenta de uma forma tão interessante a “nova geração” (da mesma forma que é comicamente frustrante se sentir como o tiozão do filme: alguém que já consegue ver os seus horizontes, pra usar um eufemismo bem educado). E esse meu temor se comprovou na cena onde a Juno fica surpresa ao ouvir Sonic Youth - fora de série no cover dos Carpenters “Superstar”, só faltou o clipe – como sendo uma banda ‘de tio’. Eu sei que os meus prováveis leitores são amigos (como o meu falido hit counter pode comprovar, muito obrigado) que vão se compartilhar da minha negação de velhice, o que me deixa parcialmente satisfeito.
Cloverfield: Eu me lembro bem pra caramba do final dos anos 90, aquela época fantástica em que as Spice Girls eram as artistas do milênio, o rock não poderia ficar mais enlouquecido que os Matchbox 20, e Friends ainda era legal. Pode crer que eram bons tempos. Também (ou isto é prova de que) foi a época que o marketing perdeu as estribeiras.
Em 99, Martin Scorsese vinha de duas produções de caráter mais introspectivo, relembrando seus filmes preferidos e estudando a religião (no caso, a procura pela encarnação do Dalai Lama). Quando ele voltou às narrativas mais convencionais, foi com o introspectivo “Vivendo no Limite”, onde Nicolas Cage interpreta o mesmo personagem de toda sua carreira: um sujeito à margem da sociedade, praticamente um sociopata, que procura a redenção através de uma postura cínica em relação ao mundo. Só que no caso, ele é um enfermeiro. Dá pra dizer que o filme é um Tropa de Elite, com menos ação, e dentro de uma ambulância. E quando eu digo ‘menos ação’, eu digo sem ação alguma. O que aparentemente não é a mesma opinião do trailer. Mas o que tem Cloverfield a ver com isso?
Tem a ver que é mais um sinal da era em que vivemos, onde termos como buzz, marketing, viral e ARG mostram pra gente como muitas vezes o barulho é mais importante que o conteúdo. E a experiência de assistir um filme pode começar antes da sessão de cinema.
- A real é que mesmo com (ou provavelmente por causa da) campanha de marketing pesada e descolada, Cloverfield entrega um bom filme de monstro que tem ótimos momentos de tensão. Só acho uma pena ter ficado com a impressão de que o filme vai embora cinco minutos depois de acabada a sessão.
terça-feira, 19 de fevereiro de 2008
(Os outros foram Pequena Miss Sunshine e Eu Sou a Lenda)
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6 comentários:
Tenho uma dificuldade gigante para atribuir título às coisas, aí não sei se por descuido ou frustração, não presto atenção nos títulos dos textos das outras pessoas. Acabei a leitura e pensei: eu estava desatententa ou ele não mencionou quais foram os outros filmes?
Eis que retorno ao topo para ler novamente o texto e vejo seu título, animal.
Uhm... Para ficar registrado aqui também, acho genial a forma como você escreve, e espero poder ler mais textos seus, seja lá sobre o que for aqui.
E ah! Ainda não vi Juno.
Valeu Velma! A impressão que eu tive foi a mesma depois de escrever o texto, daí eu inventei a traquinagem lá de cima :)
E Juno vale a pena pra caramba.
Muito bom, jovem Padawan. Muito bom.
Engraçado. Final de semana, mais precisamente no sábado, encontrei "velhos amigos", inclusive você.
A conversa estava muito boa, sobre filmes, sensações, preferências, enfim, os filmes que fizeram as cabeças pensarem. Seja bom ou ruim.
Marquei de fazer a mesma coisa esta semana, mas foi tudo tão corrido que não consegui. Mas hoje, de certeza vou alugar Juno. Este nome não me é estranho, acho que já haviam comentado sobre este filme.
Seja bem vindo Kenzito! (nome para salgadinho, vou enviar agora a sugestão para a Elma Chips)
Beijitos!!
Nao entendi se vc gostou ou nao de Cloverfield, mas acho que para que a sensaçao pos filme seja prolongada numa especie de açao de marketing follow up, os produtores deveriam usar o filme do Diretor Leonardo Dignart (Monstro de Blair), um filme criticado pela critica, mas que eh excelente, caso vc tenha assistido ao filme.
Célula: concordo contigo quando tu diz que a crítica é crítica demais em suas críticas, e eu meio que evitei de propósito de falar sobre os filmes, por ter certeza que mil pessoas falaram isso de mil formas diferentes e melhores do que eu possa querer falar. Mas eu curti o filme, só não gostei da reviravolta, quando tu descobre que todo mundo morria no começo do filme.
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